Água e saúde humana

Água e saúde humana

Apesar de ser uma substância vital para a saúde humana, a água também
debilita as pessoas, produz doenças por vários mecanismos e aumenta a
mortalidade. Essas são consequências produzidas pela água contaminada e
de baixa qualidade. O Conselho Nacional Americano de Sanidade Ambiental
e Água Potável (1977) publicou uma lista completa de doenças associadas
com a água e seus efeitos adversos na saúde humana. Essa lista apresenta 100
organismos patogênicos associados com água e cerca de 100 efeitos adversos.

Cerca de 2 bilhões de pessoas não têm saneamento básico ao final do século XX
e início do século XXI. Cerca de 93% das pessoas em países industrializados
e com alto padrão de vida têm acesso a água potável; em países emergentes e
em desenvolvimento, esse índice é de apenas 43%.

As doenças associadas com a água classificam-se em quatro categorias:

– doenças com origem na água (organismos que se desenvolvem na
água): cólera, febre tífóide e disenteria;
– doenças produzidas por água contaminada a partir de organismos
que não se desenvolvem na água: tracoma e leishmaniose;
– doenças relacionadas com organismos cujos vetores se desenvolvem
na água: malária, filariose, febre amarela e dengue;

– doenças dispersadas pela água: bactérias de diversos tipos; viroses.

As doenças de veiculação hídrica podem ter seus efeitos exacerbados com as
alterações climáticas e, a longo prazo, com as mudanças globais. A transmissão
depende do ciclo de vida do vetor – o mosquito – e dos micro-organismos que
eles transportam. Temperaturas mais altas e climas mais quentes aumentam
a capacidade de infecção dos mosquitos, e o aumento da precipitação
pluviométrica produz aumento das poças de água e condições ecológicas para
o desenvolvimento dos anofelinos que transmitem a doença.

Períodos secos podem fazer aumentar o número de lagos marginais em
rios e riachos, resultando em condições favoráveis para a reprodução dos
mosquitos. Para o mosquito Aedes aegypti, que transporta e transmite o vírus
da dengue, condições normalmente quentes e úmidas podem precipitar
rápidos desenvolvimentos. Na América Latina, especificamente, o aumento
das ocorrências de malária e dengue foi relacionado a episódios como o El
Niño, devido ao aumento das temperaturas do ar e da água: chuvas pesadas
ocorridas durante eventos climáticos extremos podem transportar o Vibrio
cholerae e contaminar reservas de águas límpidas, aumentando a probabilidade
de dispersão de doenças e seus impactos.

A correlação entre a incidência de malária em muitas regiões do planeta e o
evento El Niño são muito significantes. O aumento potencial de transmissão
da doença ocorre com maior precipitação em certas áreas ou ausência de
precipitação em outras. Epidemias de malária correlacionadas com o El Niño
foram documentadas em países como Bolívia, Colômbia, Peru, Equador,
Venezuela, Paquistão e Sri Lanka. Na América do Sul e em grande parte da
África, relacionou-se o aumento da doença a índices maiores de precipitação.
O mesmo se verificou com relação à cólera em países como Somália, Congo,
Quênia, Bolívia, Honduras e Nicarágua (EPSTEIN, 1999).

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